Relatório de Organização Não-Governamental Compara Situação e Problemas Que Raparigas Enfrentam em Vários Países do Mundo
Portugal ainda é um dos dez melhores países do mundo para se nascer mulher, segundo um relatório da organização não-governamental Save The Children. O país está em oitavo lugar numa pesquisa que compara dificuldades e problemas que meninas e rapazes enfrentam em vários países de todos os continentes.
Segundo a pesquisa da Save The Children,
publicado nesta terça-feira para marcar o Dia Internacional da Rapariga,
a situação em geral e as oportunidades das raparigas portuguesas são
melhores do que as das suíças, espanholas, italianas ou alemãs.
O relatório da Save The Children analisou uma série de indicadores em vários países e atribuiu
uma pontuação a cada um conforme a sua performance. Os indicadores eram os seguintes: casamento infantil, gravidez na adolescência, mortalidade materna,
acesso das mulheres a cuidados de saúde , número de
mulheres no parlamento e conclusão do ensino secundário.
Juntos,
estes indicadores provaram que Portugal é um dos países em que as
raparigas enfrentam menos problemas, mas o que mais contribuiu para a
posição elevada no ranking foi o número de mulheres no
parlamento. Em Portugal, um terço dos deputados no parlamento é do sexo
feminino e este dado foi encarado como um sinal de representatividade na
tomada de decisões.
A baixa taxa de
mortalidade materna em Portugal, que é de 6 por 100 mil, ajudou o país a
ficar melhor colocado do que, por exemplo, os Estados Unidos, em que 14
em cada 100 mil mulheres morrem no parto.
No
topo do ranking surge a Suécia e logo depois a Finlândia e a Noruega.
Holanda, Bélgica, Dinamarca e Eslovénia são os outros países que ficam à
frente de Portugal. Logo atrás ficam Suíça, Itália, Espanha e Alemanha.
Ao contrário, os países em que as meninas enfrentam mais dificuldades, são o Níger, o Chade e a República Centro-Africana. Nestes três estados,
em que poucas raparigas têm o ensino secundário completo, registra-se
uma fraca representatividade feminina no parlamento, para além de
elevadas taxas de casamento infantil, gravidez na adolescência e
mortalidade materna.
Desenvolvimento nem sempre é sinônimo de igualdade
Este
relatório veio comprovar que nem sempre a um alto nível de desenvolvimento econômico equivale diretamente a maior igualdade de gênero ou mais
oportunidades para as mulheres.
Os
Estados Unidos que estão entre os países mais desenvolvidos do
mundo, encontram-se em oitavo lugar no Índice de Desenvolvimento Humano Global, aparecem em 32º lugar neste ranking. Isto porque, segundo as
autoras do relatório, ainda apresentam elevados
índices de mortalidade materna e gravidez na adolescência, e também por terem uma fraca representação feminina no parlamento.
Para Lisa Wise, diretora de desenvolvimento inclusivo da Save the Children e uma das autoras do relatório, esta é uma das provas de que raparigas, ao contrário dos rapazes, veem ser-lhes negadas as oportunidades também em países de alta renda. Em declarações à imprensa, Lisa afirmou que os Estados Unidos deveriam estar melhor colocados.
Da mesma maneira, o Brasil surge abaixo do esperado devido ao elevado número de casamentos infantis e gravidezes na adolescência, que, segundo as autoras, colocaram este país ao nível do Haiti.
A Austrália também foi criticada pelas autoras com uma observação que diz: nem todos os países ricos estão a agir tão bem quanto deviam. A Austrália surge apenas em 21º lugar, segundo as investigadoras, devido à pouca representação feminina no parlamento e ao elevado registro de gravidez na adolescência.
Há que destacar
também a performance de Ruanda, um dos países menos desenvolvidos do
mundo que apresenta, no entanto, o maior número de mulheres no
parlamento a nível global. Em Ruanda, que está na 49ª posição, 64% dos
deputados no parlamento são mulheres.
O
país é ainda elogiado no relatório pelas ações que tem tomado na
prevenção do casamento infantil e gravidez na adolescência, em
comparação aos países vizinhos e outros países do mesmo nível
sócio/econômico.
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