domingo, 29 de janeiro de 2017

Tabela Campeonato Carioca de Futebol Resultados e Calendário

quarta-feira, 25 de janeiro
ENCERRADO
Madureira
2

Botafogo
0
                                     
sábado, 28 de janeiro
ENCERRADO
Resende
2

Volta redonda
2
 ENCERRADO

Botafogo
1

Nova Iguaçu
1
ENCERRADO

Flamengo
4

Boavista
1
domingo, 29 de janeiro
Bangu
16:30h

Portuguesa

Botafogo
17:00h

Nova Iguaçu

Macaé
19:30h

Madureira

Os Sete líderes do Sul da Europa pedem prioridade à convergência no euro

Sete países do Sul da Europa juntam-se no sábado dia 28/01/17 em Lisboa para entregar uma mensagem ao Conselho Europeu na próxima semana: "Os últimos anos mostraram que a União Europeia tem de aprofundar a segurança, tem de lutar contra o terrorismo e tem de adotar uma política migratória, mas nenhuma destas questões pode ser resolvida antes da questão econômica”,afirma ao jornal o Público Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros, a propósito da cimeira que ocorreu no mesmo dia, no Centro Cultural de Belém.
“É essa a mensagem política de Portugal, e dos sete países do Sul da Europa”: um pedido para que a Convergência Econômica passe a ser prioritária na estratégia da União Europeia (UE). “Os sete são sensíveis ao fato de que a zona econômica europeia, para vencer, não pode continuar a ser uma zona que favoreça a divergência.” Pelo, contrário, diz Santos Silva, “a convergência tem de ser favorecida por políticas como a União Econômica e Bancária ou o Plano Juncker”, de forma “a criar capacidade orçamental na zona euro, transformar progressivamente o atual mecanismo europeu de estabilidade no Fundo Monetário Europeu e a desenvolver programas europeus de apoio ao investimento”.

Se com a saída do socialista alemão Martin Schulz da presidência do Parlamento Europeu cresce a ideia de uma maior divergência entre as duas maiores famílias políticas europeias. Entretanto o Governo português passa uma nota de otimismo, sendo que assim “vai-se formando um consenso entre a família social-democrata e a família democrata-cristã, em torno da necessidade de completar a União Econômica e introduzir medidas de reforma no euro.”

Sábado em Lisboa, estiveram à mesa representantes de governos de cores políticas diferentes, mostrando convergência nesta prioridade. Porém no dia 24/01/17 durante a conferência: "Consolidar o Euro, Promover a Convergência", que decorreu  em Lisboa, já houve "a convergência de posições" que surgiu entre “Antônio Costa e Luis de Guindos (ministro da Economia espanhol). “Ninguém conseguirá avançar na União Econômica sem esse consenso entre famílias políticas e entre regiões da UE”, frisou Santos Silva.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Taxa Social Única

A Taxa Social Única (TSU) é uma medida de contribuição para a Segurança Social prevista no Orçamento do Estado Português e aplicada aos trabalhadores e às empresas.
A Taxa Social Única sobre os trabalhadores é de 11% e sobre as empresas é de 23,75%.
Por exemplo: um trabalhador com um vencimento bruto de € 1000 terá que descontar para a Segurança Social os ditos 11%, isto é, € 110, recebendo o trabalhador um vencimento líquido de € 890 (salário nominal). O empregador contribuirá com 23,75% desses € 1000, um desconto de (€ 237,5). A empresa ou entidade patronal é responsável pela entrega do total das contribuições devidas à Segurança Social, que no caso anterior corresponde a um total de € 347,50 ((11% + 23,75%)*1000= 34.75 *1000= 347,50).


O escolhido para a vaga de Teori no STF defende a submissão da mulher e é contra o casamento gay

Cotado para ser um dos escolhidos do presidente Michel Temer para a vaga de Teori Zavascki no Supremo Tribunal Federal, o presidente  do Tribunal Superior do Trabalho, Ives Gandra Martins Filho, já gera polêmicas. Em um artigo assinado no livro 'Tratado de Direito Constitucional' (2012), Martins Filho defende que a mulher tem que ser submissa ao marido e critica a união entre homossexuais.
"A mulher deve obedecer e ser submissa ao marido"."O casamento de dois homens ou duas mulheres é tão antinatural quanto uma mulher casar com um cachorro", diz ele em trechos do artigo. "Casais homoafetivos não devem ter os mesmos direitos dos heterossexuais; isso deturpa o conceito de família", continua.
Filho de um amigo de Temer, Martins Filho está cotado para a vaga de Teori no STF Supremo Tribunal Federal.
No texto, Martins Filho diz ainda ser contra a decisão do STF de reconhecer a união homoafetiva, a liberação das células-tronco embrionárias para pesquisa e a permissão para destruir embriões humanos em pesquisas.
Filho do advogado Ives Gandra Martins, amigo de Michel Temer há 40 anos, Martins Filho integra a Opus Dei, organização católica ultraconservadora, e diz ser celibatário.
"Por simples impossibilidade natural, ante a ausência de bipolaridade sexual (feminino e masculino), não há que se falar, pois, em casamento entre dois homens ou duas mulheres, como não se pode falar em casamento de uma mulher com seu cachorro ou de um homem com seu cavalo (pode ser qualquer tipo de sociedade ou união, menos matrimonial)", defende no texto. 

sábado, 21 de janeiro de 2017

Mais tropas portuguesas foram enviadas para República Centro-Africana

Cento e vinte e sete militares portugueses viajaram na madrugada do dia 17/01/17  para a República Centro-Africana, um país em guerra civil desde dezembro de 2012. Levaram dezenas de veículos e armamento de guerra para, a serviço das Nações Unidas, tentar levar a paz àquele país.

Deixam um país com baixíssimas temperaturas para enfrentar altas temperaturas de até 40°C. Detalhe importante, mas que não se compara em nada com o clima de insegurança que assola a República Centro-Africana onde os militares portugueses no dia 17/01/17, com especial destaque para os comandos, que vão apoiar a Missão Integrada Multidimensional de Estabilização das Nações Unidas, a Minusca.

Vão ocupar as instalações deixadas vagas por militares franceses em outubro, junto ao aeroporto da capital, Bangui, formando uma força de reação rápida da componente militar da Minusca, podendo intervir em qualquer região do país durante um ano, renovável por idêntico período.

De acordo com a informação aos jornalistas pelo Estado-Maior do Exército, esta força, foi treinada e equipada para executar operações de combate, patrulhas de segurança, vigilância e reconhecimento de área, proteção de infraestruturas ou áreas sensíveis, proteção de entidades ou forças, escoltar colunas de viaturas e executar operações de cerco e busca. O destacamento português integra ainda quatro controladores aéreos avançados da Força Aérea para dirigir, no solo, ações de aeronaves em apoio aéreo próximo e helicópteros de ataque.

Desta força, 66 militares estão distribuídos pelo destacamento de apoio (constituído por especialistas nas áreas dos serviços, transmissões, apoio sanitário, manutenção, entre outras, parte dos quais já se encontram em  Bangui), mas também por um comando da força portuguesa (a cargo do tenente-coronel Musa Paulino, de 42 anos) e pelo Estado-Maior da Minusca (comandada pelo tenente-general senegalês Balla Keïta).

Para cumprir as missões que lhes forem entregues pelo general Balla Keïta – que terão, como principal objetivo “contribuir para a estabilização da segurança e controle do território da RCA por parte da autoridade do Estado” – os Comandos portugueses terão ao seu dispor diversos tipos de viaturas e armamento.

Na noite segunda-feira, o ministro da Defesa José Alberto Azeredo Lopes foi ao Regimento de Comandos, na Serra da Carregueira, para se despedir dos 127 militares que pelas 5 horas desta terça-feira decolaram de Figo Maduro, o aeródromo militar de Lisboa. Na quarta-feira, dia 18, este governante informou aos deputados da Comissão de Defesa Nacional as eventuais alterações no nível de risco a que estão sujeitos os militares portugueses. 
 

Quatro anos de guerra

 

A Guerra Civil na República Centro-Africana começou há mais de quatro anos, em dezembro de 2012, entre a coligação rebelde Séléka, que reúne vários grupos muçulmanos, e o Governo do então Presidente François Bozizé. Os Séléka (que significa “união” em idioma sango) acusavam o chefe de Estado de não honrar acordos de paz assinados em 2007 e 2011. A França e a União Europeia enviaram soldados para a República Centro-Africana em 2013.

Apesar de apoiado por tropas do Chade, Gabão, Camarões, Angola, África do Sul, República Democrática do Congo e Congo-Brazzaville, Bozizé foi derrotado (não sem antes se ter disposto a aceitar um Governo de unidade nacional e um acordo de cessar-fogo que não durou muito) e fugiu do país, permitindo que o líder dos revoltosos, Michel Djotodia, se proclamasse Presidente e acabasse reconhecido, a título transitório pela comunidade internacional, enquanto o seu antecessor era acusado de crimes contra a Humanidade e incitamento ao genocídio. Djotodia demitiu-se em 2014, tendo sido substituído por Catherine Samba-Panza, à época autarca da capital Bangui, e vista como neutra na guerra.

Em junho desse ano houve um cessar-fogo, mediado pelo governo do  Congo, mas que durou pouco. Há quem defenda a divisão do país para criar dois Estados, um cristão e outro muçulmano, face à eternização do conflito entre os muçulmanos Séléka e as milícias antibalaka, de tendência cristã. Em 2015, uma conferência de reconciliação nacional também não resolveu o conflito. Em outubro 2016, a violência ressurgiu e a França anunciou o fim da sua missão de manutenção da paz.

Há informações da Anistia Internacional sobre massacres de civis, utilização de crianças-soldados, violações, torturas, assassinatos extrajudiciais e desaparecimentos forçados. As armas circulam pelo país, vindas de todas as partes do mundo, segundo um relatório da União Europeia. O documento informa que é mais barato comprar uma granada de mão do que uma Coca-Cola. Reina a anarquia e os mortos cifram-se aos milhares, embora não haja números fiáveis. A guerra civil terá já gerado mais de 700 mil deslocados internos e quase 300 mil refugiados.

Enquanto a China investiu e continua investindo pesado na África, Europa e EUA justificam o envio de tropas a nações africanas alegando razões humanitárias. Estariam pensando nas pessoas ou no controle das matérias-primas e das riquezas guardadas no subsolo desses países? E Portugal, um país de cultura integracionista, humanística e internacionalista, e com tantas dificuldades financeiras, jamais poderia apoiar essas forças de "paz" ,fazendo-nos crer seus governantes, que sua missão é somente de razões humanitárias, quando o mais certo seria investir no desenvolvimento de nossa comunidade Luso-Afro-Brasileira, uma comunidade que também, desde 1750, amafranhada pela síndrome de um Ocidente de poucos donos não consegue se afirmar.    

sábado, 14 de janeiro de 2017

A HISTÓRIA DE NOSSOS HERÓIS AVIADORES

A história da aviação em Portugal teve um grande impacto e importância para o desenvolvimento da aviação mundial.

    A primeira referência na historia da aviação aconteceu no dia 20 de Junho de 1540, onde o sapateiro João Torto saltou da torre de Viseu com um engenho por ele construído numa tentativa frustrada de alcançar o céu.
    Em 1709, o padre português, Bartolomeu de Gusmão apresentou em Lisboa um evento revolucionário ao rei D. João V onde fez um pequeno balão de ar quente se elevar no ar. Bartolomeu foi o inventor do aeróstato, tendo aberto assim as portas à aerostação e à aviação.

    O primeiro aeronauta português foi Abreu de Oliveira onde no dia 17 de Maio de 1884  fez se elevar em um balão a gás na tapada da Ajuda acabando por cair no rio Tejo perto do Cais do Sodré. Apesar de ter sido um voo curto e mal terminado conferiu a Abreu de Oliveira a glória de ter sido o primeiro português a realizar uma ascensão em aeróstato.

    Cipriano Pereira Jardim foi o inventor do balão dirigível, tendo assim construído um dirigível com fins militares (a hidrogénio com propulsão de um motor eléctrico), no final do século XIX.

Os primeiros anos da segunda década do século XX foram difíceis , mas foram também os anos da afirmação do avião como máquina de valor militar e civil.

    No ano de 1909, foi realizado o primeiro voo de um aeroplano em solo português. Em 17 de Outubro um aviador francês realizou o primeiro voo de um avião tripulado e propulsionado a motor no espaço aéreo de Portugal tendo caido num telhado de uma casa.

    Em 12 de Julho de 1909, Oscar Blank recebeu a licença de piloto aviador, tendo sido o primeiro piloto civil português e um dos primeiros em todo o mundo.  Em 11 de Dezembro de 1909 foi fundado Aero-Clube de Portugal, com o objetivo de divulgar a aeronáutica.

    O primeiro “voo” digno desse nome realizado em Portugal teve lugar no dia 27 de Abril de 1911, onde um piloto francês pilotou o seu avião a 50 metros de altura, perto da Torre de Belém.
    
O primeiro voo, realizado por um piloto português, acontece a 1 de Setembro de 1912 no Mouchão da Póvoa de St. Iria, feito por Alberto Sanches de Castro, pilotando um avião “Voisin Antoinette”.

    Em 14 de Maio de 1914 foi publicada a lei que instituía a primeira escola de aviação militar a ser instalada na Vila Nova da Rainha, tendo sido inaugurada a 1 de Agosto de 1916. Do primeiro curso efetuado nesta escola saíram pilotos como Sarmento de Beires ou Pinheiro Correia, que irão protagonizar nos anos seguintes alguns dos feitos mais heróicos da história da Aviação.
   
 Na primeira guerra mundial, Portugal enviou alguns pilotos para a França e para as Colônias. O piloto Oscar Monteiro Torres é integrado na famosa “esquadrilha das cegonhas”, onde acabou por falecer no dia 9 de Novembro de 1917, tendo sido o primeiro piloto português abatido em um confronto aéreo.

    O alferes aviador Jorge de Sousa Gorgulho foi destacado para ir para Moçambique na altura da primeira guerra mundial tendo sido a 7 de Setembro de 1917 o primeiro piloto português a voar em África onde no dia seguinte acaba por morrer, sendo o primeiro piloto português a ter um acidente de avião.

    Durante 1919, instala-se na Amadora, nos terrenos da atual Academia Militar, o Grupo de Esquadrilhas de Aviação da República (GEAR), sede de pioneirismo e desenvolvimento tecnológico aeronáutico e de onde partiram algumas das mais importantes viagens da Aviação Militar em Portugal. O GEAR é a primeira unidade operacional de aviação militar no espaço aéreo português, integrando esquadrilhas de combate (caças), de bombardeamento e de observação.
   
 Em 1920, a escola de Vila Nova da Rainha mudou-se para a Granja do Marquês, no município de Sintra, criando assim o núcleo inicial da Base Aérea N. 1, a Base Primeira da Força Aérea Portuguesa.

    Em 1920, Sarmento de Beires e Brito Pais, pilotos da Aeronáutica Militar, iniciam sem êxito os Raides Aéreos Portugueses, na sua tentativa de travessia aérea – Lisboa ao Funchal.

    Em 1922, Sacadura Cabral e Gago Coutinho realizam aquele que viria ser a mais importante Feito da Aviação Portuguesa: a Primeira Travessia Aérea do Atlântico Sul. Apesar do primeiro avião utilizado, um Fairey III-D, o “Lusitânia”, não ser o da chegada, um outro Fairey, batizado de “Santa Cruz”, a viagem foi bem sucedida pela precisão da navegação aérea demonstrada. 

   Gago Coutinho utiliza um sextante de marinha a que tinha sido adaptado um horizonte artificial de sua concepção, e que representou um passo inovador senão mesmo revolucionário para a época.
   
   Em 1924 Sarmento de Beires realiza, juntamente com Brito Pais e Manuel Gouveia, o Raide Aéreo a Macau, a bordo de um bi-plano 16 Bn2, batizado o “Pátria”. Após a destruição do primeiro avião na Índia, voando um DH9, o “Pátria II”.

   Em 1927, novamente, Sarmento de Beires, a bordo do hidroavião Dornier Wal, o “Argos”, na companhia de Jorge Castilho e Manuel Gouveia cumpre com sucesso a Travessia Noturna do Atlântico Sul. Esta travessia foi efetuada com ajuda de uma navegação rudimentar, é talvez um dos mais extraordinários Feitos da Aviação em Portugal.

Levando nas suas asas a mesma Cruz de Cristo que os navegadores das caravelas e naus quinhentistas desenharam nas suas velas. Os pilotos Portugueses foram verdadeiros pioneiros, muito capazes e acima de tudo corajosos e bravos.

    Nos finais dos anos 30, a aviação comercial começou a ganhar força e estabeleceram as primeiras carreiras regulares entre Lisboa e Porto pela companhia de transportes aéreos. 

   Em 1945, foi criada uma transportadora aérea nacional para ligar a Europa às províncias ultra marinas. Foi assim que nasceram os transportes aéreos portugueses, hoje TAP Air Portugal, que logo de inicio estabeleceram a ligação entre Guiné, Angola e Moçambique através da linha aérea imperial que na altura era a mais extensa do mundo.
  
  No inicio da segunda grande guerra, a não participação direta de Portugal  no conflito, não impediu o preparo de suas forças armadas. Desta forma e com o apoio dos aliados, Portugal reforça o seu poder aéreo com um apreciável número de aeronaves modernas.

    Em 1 de Julho de 1952, as aviações do Exército (Aeronáutica Militar) e da Marinha (Aviação Naval) foram fundidas num ramo independente denominado Força Aérea Portuguesa.

    Em 1954 formou-se na BA2 a patrulha acrobática “dragões” com os recém chegados F84G e em 1958 foi criada a patrulha “são Jorge”.

    Em 1956 é criado o batalhão de caçadores paraquedistas onde é em Tancos. No inicio da guerra ultramarina, o batalhão de caçadores paraquedistas envia companhias para Angola e depois para a Guiné e Moçambique.

    Em 1959 é criado um corpo de enfermeiras paraquedistas, integrado na Força Aérea o que foi uma aposta bem sucedida, pois conseguiram salvar a vida de muitos militares na guerra do ultramar (que teve inicio em 1961). 

    Em 1961 durante a guerra ultramarina, Portugal conseguiu dar uma resposta eficaz aos primeiros ataques inimigos devido ao bom equipamento aéreo existente. Quando em Março, tiveram lugar no norte de Angola as primeiras operações inimigas, a força aérea portuguesa rapidamente reagiram dando o apoio aéreo às tropas terrestres.

    Em 1963 o conflito estende-se à Guiné e no ano seguinte a Moçambique o que faz com que a Força aérea portuguesa seja obrigada a alargar o seu dispositivo construindo uma rede de aeródromos base de manobra e de recurso. Este conflito terminou em 1974 onde a força aérea portuguesa por ordem dos militares da revolução do 25 de abril,  se retira oficialmente das operações  bélicas, mas continua no trabalho de socorro às populações locais e ao transporte dos retornados a Portugal, junto com a aviação civil.


quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Mário Soares não cedeu às pressões da Rússia e levou o país para a UE


No ano em que a social-democracia europeia e o império americano começa a desmoronar, a morte de Mário Soares, figura mais importante da esquerda democrática portuguesa, apresenta uma dimensão simbólica.

Nascido numa família de tradição laica e republicana, uma família que respeitava todas as tendências religiosas mas não seguia nenhuma, Soares começou a carreira circulando nos grupos comunistas antes de se afastar para criar, em 1955, o seu próprio movimento anti salazarista, a "Resistência Republicana e Socialista", protótipo do Partido Socialista que viria a fundar em 1973.

Durante os anos 1950 e meados dos 1970, Soares foi um dos principais opositores à ditadura salazarista, ao lado do presidente do PCP (partido comunista português) Álvaro Cunhal e do general dissidente Humberto Delgado. Advogou inúmeras vezes em defesa dos perseguidos pela ditadura, o que lhe custou ser preso doze vezes, além de exílios, em São Tomé e Príncipe e em Paris.

Seu regresso a Lisboa aconteceu três dias após o movimento do 25 de abril no chamado trem da liberdade, que trazia de Paris e de outras cidades europeias  outros exilados portugueses.

Mas aí acontece o que ninguém previa, o conflito entre ele e Cunhal. Cunhal defendia que Portugal deveria aliar-se a Moscou e Soares propunha uma aliança com a Europa.
Nessa "Guerra Fria instalada e com o problema dos retornados das ex-colônias a situação social, política e econômica de Portugal tornou-se insuportável e despertou o interesse da Rússia e dos países ocidentais tais como Alemanha, França, Inglaterra e Estados Unidos seguiam de perto o desenrolar dos acontecimentos para tirarem proveito destes, cada um à sua maneira, pois afinal, Portugal apesar das dificuldades ainda era um país que pelo seu passado histórico e cultural tinha peso significativo na política mundial. Mas Mário Soares, temendo que Portugal virasse uma Albânia da vida, optou pelo convívio da Europa Liberal. O acontecimento ganhou as manchetes dos jornais do mundo.       

A VOLTA DOS EXILADOS


A volta dos exilados desencadeou uma nova sequência política marcada pelo conflito entre Soares, liderança pró-europa, e Álvaro Cunhal, pro-Moscou.



Depois de três anos intensos, marcados pelo verão quente de 1975 quando um golpe de inspiração comunista quase se concretizou, Soares triunfou, e Portugal deu início a uma das fases mais prósperas da sua história: a integração em passo acelerado à União Europeia.

Soares foi o fiador desse processo. Próximo do então presidente socialista francês François Mitterand (1916-1996) e dos ex-chanceleres alemães Willy Brandt (1913-1992) social democrata e de Helmut Kohl do partido democrata cristão, que lhe deram todo o apoio possível. Mas também recebeu ajuda de outras instituições europeias.  

FIM DO IMPÉRIO COLONIAL PORTUGUÊS

Soares ganhou o respeito de todos os países do terceiro mundo ao descolonizar às pressas todas as ex colônias africanas e asiáticas, como Macau na China, embora este país tivesse relutado em reaver aquela possessão, pois para ela, além dos portugueses serem um povo amigo, havia ainda o interesse comercial pois por ali passavam as mercadorias de exportação chinesas para o Ocidente, que àquela época, dada a ideologia comunista chinesa, dificultava ao máximo sua entrada nos países ocidentais.

Além desse respeito, ganhou também a admiração dos norte americanos por ter evitado uma nova Albânia em Portugal, onde reinava o ditador Enver Hoxha (1908-1985). Mas mantinha uma boa relação com os comunistas portugueses, pois estes continuavam a ser uma força política muito importante no novo quadro político nacional.

Com essa capacidade de negociar, Mário Soares conseguiu restaurar a confiança de um povo, apesar dos protestos da extrema direita salazarista e levar o país a bom Porto. E não foi fácil suportar a pressão dos retornados que perderam todos os seus bens nas ex-colônias e voltaram para Portugal com a roupa do corpo. Até ameaças de morte lhe foram creditadas! E são esses retornados que até hoje formam a resistência ferrenha contra sua política colonial.


A TENTATIVA DE VOLTAR À PRESIDÊNCIA EM 2006 FOI UM FRACASSO 

Em 2006, sua tentativa de regressar à Presidência aos 81 anos, o impediu de sair da política pela porta da frente. Sua campanha, dirigida aos jovens eleitores, foi ridicularizada, e o seu desempenho eleitoral foi pífio, com apenas 14% dos votos.Nesta eleição teve 14,31% dos votos válidos, contra 50,54% de Cavaco Silva e 20,74 de Manuel Alegre também do PS, que acabou resultando na vitória de Cavaco. Uma semelhança com as eleições presidenciais do Brasil, onde Marina Silva arrancou votos de Lula da Silva.

Mas esse episódio não foi suficiente para manchar seu legado.
Portugal, um dos únicos países europeus onde o neofascismo não tem prosperado, é hoje referência de estabilidade política num continente tumultuado com a volta dos socialistas ao poder, depois do governo do PSD de Passos Coelho, um político assumidamente liberal. 

O socialista, Antônio Costa, conseguiu fortalecer  uma aliança histórica com os comunistas e outros partidos de esquerda e com isso está encerrando o conflito aberto depois da Revolução dos Cravos, criando um panorama otimista para um país que em 1974 foi herdado por Mário Soares  
num estado de calamidade militar, social e política.


domingo, 8 de janeiro de 2017

MORREU MÁRIO SOARES

Aos 92 anos, Mário Soares, parte para a vida eterna. Ele que foi Presidente da República portuguesa, destacado antifascista, fundador do Partido Socialista de Portugal,  primeiro-ministro do I Governo Constitucional de Portugal.
Mário Soares foi uma figura importante na luta anti-fascista e na restauração da democracia portuguesa. Sempre um "Republicano, Socialista e Laico" convicto.

Licenciado em Ciências Histórico-Filosóficas, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em 1951, e em Direito, na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, em 1957, além disso, foi professor do ensino secundário e diretor do Colégio Moderno, fundado por seu pai, João Lopes Soares, conhecido como João Soares, que também foi um professor, político e pedagogo que, entre outras funções, foi deputado, governador civil e Ministro das ex colônias durante a Primeira República Portuguesa.

Combatente tenaz contra a ditadura salazarista, pertenceu ao MUNAF (Movimento de Unidade Nacional Anti-Fascista), em maio de 1943, tornando-se depois membro da Comissão Central do MUD (Movimento de Unidade Democrática). Assumiu também, num momento em que aparecia uma luz no fim do túnel para a restauração das liberdades em Portugal com a candidatura do General Norton de Matos à Presidência da República, apoiada 
pelos líderes democratas como ele, sendo nomeado Secretário Da Comissão Central desta Candidatura em 1949 e também da candidatura do General Humberto Delgado em 1959, que acabou assassinado pela ditadura de Salazar e cuja família depois recebeu assistência jurídica de Mário Soares que além disso representou a família na investigação que desvendou o papel da PIDE(Polícia Internacional e de Defesa do Estado) na operação.

Como membro da Resistência Republicana e Socialista e candidato a deputado pela Oposição Democrática, em 1965, e pela CEUD(Comissão Eleitoral de Unidade Democrática), em 1969, foi preso pela PIDE 12 vezes, cumprindo um total de quase 3 anos de cadeia. Foi deportado para a ilha de S. Tomé (África) em 1968 e depois forçado ao exílio em França.
Em 1964, fundou a Ação Socialista Portuguesa, que se transformou no Partido Socialista em 1973. Para além de fundador, Mário Soares foi eleito e reeleito Secretário-Geral ao longo de quase treze anos.


Muitas vitórias e muitas derrotas, sempre políticas


Nem as vitórias nem as derrotas se sucederam de forma contínua ao longo de sua carreira política. Participou nos três primeiros Governos Provisórios como Ministro dos Negócios Estrangeiros. Provocou a queda do 4º Governo Provisório e, depois, a demissão de Vasco Gonçalves na contestação ao 5º Governo Provisório e aos setores à esquerda do Partido Socialista.

Foi o protagonista do Comício da Fonte Luminosa, apoiou o 6º Governo Provisório e o golpe de Estado do 25 de novembro de 1975, que juntou o PS(Partido Socialista) e parte da direita moderada e viria a encerrar a Revolução de Abril.

Eleito deputado por Lisboa em todas as legislaturas até 1986, foi nomeado Primeiro-Ministro nos 1º e 2º Governos Constitucionais (1976-1978), esteve na oposição parlamentar entre 1978 e 1983 e voltou a ser primeiro-ministro no 9º Governo Constitucional, entre 1983 e 1985. Este governo, de Bloco Central entre o PS e o PSD(Partido Social Democrata), pediu a intervenção do FMI e este aplicou uma dura política de austeridade. Como primeiro-ministro, Mário Soares assinou o Tratado de adesão de Portugal à CEE, em 12 de julho de 1985.

A queda do 9º Governo Constitucional e a derrota de seu partido nas legislativas de 1985 para o PSD deixam o Partido Socialista mal colocado para as eleições presidenciais que estavam para acontecer. Devido à política anti-popular seguida pelo governo de Bloco Central, a popularidade de Mário Soares era muito baixa no início da sua candidatura presidencial. No entanto, consegue  forçar um segundo turno (obteve apenas 22% dos votos no primeiro turno e derrotar Freitas do Amaral, o candidato da direita tido como provável vencedor. A segunda volta da campanha é um momento histórico, marcada por uma altíssima polarização social, com a música "Rock da Liberdade" com Rui Veloso ao lado de Soares. Sendo reeleito em 1991 no primeiro turno, agora com a maioria absoluta de 70% dos votos válidos.

Candidatura ao parlamento europeu


Candidatou-se e é eleito eurodeputado em 1999, cargo que manteve até 2004 e novamente às Presidenciais de 2006 contra Cavaco Silva, desta vez não conseguindo se reeleger. Apesar de obter o apoio oficial do PS nessa campanha, acabou por ficar atrás do outro candidato da mesma área, Manuel Alegre também do PS, dividindo assim os votos, tirando-lhe a chance de vitória.

A partir de 2011, foi um ator central na movimentação social das esquerdas na oposição à troika e às políticas de austeridade europeias. Em janeiro de 2013 foi-lhe diagnosticada uma infecção aguda no cérebro da qual se recuperaria. Em 7 de julho 2015 faleceu a sua esposa, Maria Barroso. Mário Soares esteve presente na comemoração dos 40 anos do I Governo Constitucional, mas surgiu visivelmente debilitado.