sexta-feira, 10 de março de 2017

Valentina Tereshkova - A primeira mulher no espaço

Valentina Tereshkova
Cosmonauta da URSS
Nacionalidade União das Repúblicas Socialistas Soviéticas soviética
Nascimento 6 de março de 1937 (80 anos)
Maslennikovo, URSS
Outras ocupações Engenheira
Ocupação atual deputada
Patente militar Major-general
Tempo no espaço 2d 23h 12min
Seleção 1962
Missões Vostok VI
Insígnia da missão Insígnia Vostok VI
Aposentadoria 1969
Prêmios Herói da União Soviética
Ordem de Honra
Ordem da Amizade Hero of the USSR.png Orden of Honour.png Orden of Friendship.png

Valentina Vladimirovna Tereshkova (em russo: Валентина Владимировна Терешкова; Maslennikovo, 6 de março de 1937) é a primeira cosmonauta e a primeira mulher a ter ido ao espaço, em 16 de junho de 1963, na nave Vostok VI.
Após o sucesso de sua missão, foi transformada em heroína nacional, servindo como exemplo e estímulo às demais mulheres do mundo. Foi    condecorada pelos líderes soviéticos, russos e estrangeiros de várias gerações. Nos anos seguintes se tornou proeminente na sociedade e na política do país, primeiro na União Soviética e depois na Rússia. Até os dias atuais, é a única mulher a ter feito um voo solo ao espaço. 

Vinda de uma família proletária, seu pai era um motorista de trator, que desapareceu na guerra russo-finlandesa de 1940. Valentina só conseguiu entrar para a escola aos oito anos, começando a trabalhar aos dezoito, em uma fábrica têxtil, para ajudar a mãe viúva. Na mesma época, começou a participar de um clube de paraquedistas amadores e deu seu primeiro salto em 21 de maio de 1959. Criou o Clube de Paraquedistas Amadores da fábrica e tornou-se sua presidente. Dois anos depois, se tornou secretária do Komsomol (era a organização juvenil do Partido Comunista da União Soviética) local e recebeu um certificado de especialista em tecnologia de fiação.

Aos 24 anos, em 1961, começou a estudar para se qualificar como cosmonauta, no mesmo ano em que o diretor do programa espacial soviético, Sergei Korolev, considerou enviar mulheres ao espaço, numa forma de colocar a primeira mulher em órbita na frente dos Estados Unidos, durante a corrida espacial entre as duas superpotências.

Em 1962, ela foi admitida como cosmonauta, junto a mais quatro mulheres – das quais apenas ela acabou indo ao espaço – sendo a menos preparada de todas, sem educação universitária, mas uma paraquedista experiente, o que era uma considerada uma condição fundamental para o voo, já que a nave Vostok operava automaticamente, dispensando pilotagem, mas o ocupante era ejetado dela após a reentrada, pousando com um paraquedas pessoal.
 
As pré-condições para a aceitação das postulantes a cosmonautas eram ter menos de 30 anos, menos de 1,70 m, menos de 70 kg, saúde perfeita, ideologia pura e ao menos seis meses de experiência em paraquedismo. Ela cumpria todos esses requesitos. Ao final dos meses de testes, que incluíram aprendizagem de pilotagem de jatos, testes em centrífugas e isolamento completo, ela e outra candidata, Valentina Ponomaryova, foram as finalistas. Ponomaryova, mais preparada tecnicamente e com educação melhor, tinha sido a mais apta nos testes gerais, mas Tereshkova tinha sido a melhor nas entrevistas com os ideólogos do Partido Comunista. 

De qualquer modo, o governo soviético, cuja intenção de enviar uma mulher ao espaço era fazer propaganda política no Ocidente, pretendia fazer um voo duplo, com duas mulheres subindo ao espaço em naves separadas. O plano porém, foi cancelado de última hora pelo Politburo (trata-se de um comité executivo de numerosos partidos políticos, designadamente os antigos partidos comunistas do Leste Europeu e o Partido Comunista de Cuba) e decidido que apenas uma subiria; a outra nave seria pilotada por um homem.

Foi Nikita Krushev quem decidiu finalmente por Tereshkova, e a idealizou como a "Nova Mulher Soviética": uma comunista devotada, trabalhadora humilde de fábrica de tecidos – Ponomaryova era piloto, cientista, engenheira, feminista, desbocada e fumava, filha de um herói de guerra e basicamente "uma boa menina".

Para questões de propaganda, Krushev também achava que Valentina era a mais bonita delas. Irina Solovyova, a terceira candidata melhor avaliada, ficou como reserva. Nikolai Kamanin, piloto herói de guerra soviético e então chefe do departamento de treinamento de cosmonautas do programa espacial soviético, depois chamaria Tereshkova de "Gagarin de saias".

Primeira mulher no espaço

Em junho de 1963, a União Soviética colocou simultaneamente duas espaçonaves no espaço, lançadas com diferença de dois dias, a Vostok V e a Vostok VI. A primeira foi pilotada por Valery Bykovsky, que completou uma missão de cinco dias, batendo o recorde de resistência no espaço. Valentina voou na Vostok VI, lançada de Baikonur em 16 de junho, tornando-se a primeira mulher a ir ao espaço.

Valentina completou 48 órbitas em volta da Terra, no total de 71 horas, quase três dias, apesar das náuseas, vômitos, segundo ela pela qualidade da comida a bordo, teve dores fortes na canela direita a partir do segundo dia e do desconforto psicológico que sentiu. Depois de chegarem a permanecer em órbita a uma distância de 5 km de uma nave para a outra, com Bykovsky e Tereshkova trocando impressões e saudações por rádio entre si e com o controle de terra, ambas as naves aterrissaram no dia 19 de junho.

Valentina teve problemas em seu retorno. Além da falta de rádio após a nave ser colocada em órbita descendente e iniciar os procedimentos de descida, quando ejetada da Vostok VI já na atmosfera e continuar a descer de paraquedas, esteve próxima de cair dentro de um lago. 

Ela disse em suas memórias que se isso acontecesse talvez não conseguisse sobreviver, sem forças para nadar até a borda, estando desidratada, exausta, com fome pelas náuseas que praticamente a impediram de comer em órbita, e psicologicamente afetada pela viagem, em princípio programada para um dia mas alongada para três, pela sensação que causou no mundo o seu lançamento.

Mas um forte vento mudou a direção do paraquedas e a fez cair em terra. Mesmo assim, o impacto foi forte e ela ficou com uma grande mancha roxa no nariz, que bateu no capacete, sendo obrigada a usar forte maquiagem pelos  dias seguintes de aparições públicas oficiais. Seus três dias a bordo da Vostok eram então mais tempo no espaço que todos os astronautas norte-americanos tinham juntos. Só nos anos 1980 uma mulher russa voltaria ao espaço.

No local onde Valentina pousou, existe hoje um pequeno parque com uma estátua de prata retratando a cosmonauta com os braços abertos, vestida em traje espacial e sem capacete. Seu sinal de chamada na Vostok VI, "Chaika" (gaivota), tornou-se seu apelido entre o povo soviético. Uma cratera na Lua, Tereshkova e um asteróide, 1671 Chaika, foram batizados em sua homenagem.

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