Cento e vinte e sete militares portugueses viajaram na madrugada do dia 17/01/17 para a
República Centro-Africana, um país em guerra
civil desde dezembro de 2012. Levaram dezenas de veículos e
armamento de guerra para, a serviço das Nações Unidas, tentar levar a paz àquele país.
Deixam um país com baixíssimas temperaturas para enfrentar altas temperaturas de até 40°C. Detalhe importante, mas que não se compara em nada com o clima de insegurança que assola a República Centro-Africana onde os militares portugueses no dia 17/01/17, com especial destaque para os comandos, que vão apoiar a Missão Integrada Multidimensional de Estabilização das Nações Unidas, a Minusca.
Vão ocupar as instalações deixadas vagas por militares franceses em outubro, junto ao aeroporto da capital, Bangui, formando uma força de reação rápida da componente militar da Minusca, podendo intervir em qualquer região do país durante um ano, renovável por idêntico período.
De acordo com a informação aos jornalistas pelo Estado-Maior do Exército, esta força, foi treinada e equipada para executar operações de combate, patrulhas de segurança, vigilância e reconhecimento de área, proteção de infraestruturas ou áreas sensíveis, proteção de entidades ou forças, escoltar colunas de viaturas e executar operações de cerco e busca. O destacamento português integra ainda quatro controladores aéreos avançados da Força Aérea para dirigir, no solo, ações de aeronaves em apoio aéreo próximo e helicópteros de ataque.
Desta força, 66 militares estão distribuídos pelo destacamento de apoio (constituído por especialistas nas áreas dos serviços, transmissões, apoio sanitário, manutenção, entre outras, parte dos quais já se encontram em Bangui), mas também por um comando da força portuguesa (a cargo do tenente-coronel Musa Paulino, de 42 anos) e pelo Estado-Maior da Minusca (comandada pelo tenente-general senegalês Balla Keïta).
Para cumprir as missões que lhes forem entregues pelo general Balla Keïta – que terão, como principal objetivo “contribuir para a estabilização da segurança e controle do território da RCA por parte da autoridade do Estado” – os Comandos portugueses terão ao seu dispor diversos tipos de viaturas e armamento.
Na noite segunda-feira, o ministro da Defesa José Alberto Azeredo Lopes foi ao Regimento de Comandos, na Serra da Carregueira, para se despedir dos 127 militares que pelas 5 horas desta terça-feira decolaram de Figo Maduro, o aeródromo militar de Lisboa. Na quarta-feira, dia 18, este governante informou aos deputados da Comissão de Defesa Nacional as eventuais alterações no nível de risco a que estão sujeitos os militares portugueses.
Quatro anos de guerra
A Guerra Civil na República Centro-Africana começou há mais de quatro anos, em dezembro de 2012, entre a coligação rebelde Séléka, que reúne vários grupos muçulmanos, e o Governo do então Presidente François Bozizé. Os Séléka (que significa “união” em idioma sango) acusavam o chefe de Estado de não honrar acordos de paz assinados em 2007 e 2011. A França e a União Europeia enviaram soldados para a República Centro-Africana em 2013.
Apesar de apoiado por tropas do Chade, Gabão, Camarões, Angola, África do Sul, República Democrática do Congo e Congo-Brazzaville, Bozizé foi derrotado (não sem antes se ter disposto a aceitar um Governo de unidade nacional e um acordo de cessar-fogo que não durou muito) e fugiu do país, permitindo que o líder dos revoltosos, Michel Djotodia, se proclamasse Presidente e acabasse reconhecido, a título transitório pela comunidade internacional, enquanto o seu antecessor era acusado de crimes contra a Humanidade e incitamento ao genocídio. Djotodia demitiu-se em 2014, tendo sido substituído por Catherine Samba-Panza, à época autarca da capital Bangui, e vista como neutra na guerra.
Em junho desse ano houve um cessar-fogo, mediado pelo governo do Congo, mas que durou pouco. Há quem defenda a divisão do país para criar dois Estados, um cristão e outro muçulmano, face à eternização do conflito entre os muçulmanos Séléka e as milícias antibalaka, de tendência cristã. Em 2015, uma conferência de reconciliação nacional também não resolveu o conflito. Em outubro 2016, a violência ressurgiu e a França anunciou o fim da sua missão de manutenção da paz.
Há informações da Anistia Internacional sobre massacres de civis, utilização de crianças-soldados, violações, torturas, assassinatos extrajudiciais e desaparecimentos forçados. As armas circulam pelo país, vindas de todas as partes do mundo, segundo um relatório da União Europeia. O documento informa que é mais barato comprar uma granada de mão do que uma Coca-Cola. Reina a anarquia e os mortos cifram-se aos milhares, embora não haja números fiáveis. A guerra civil terá já gerado mais de 700 mil deslocados internos e quase 300 mil refugiados.
Enquanto a China investiu e continua investindo pesado na África, Europa e EUA justificam o envio de tropas a nações africanas alegando razões humanitárias. Estariam pensando nas pessoas ou no controle das matérias-primas e das riquezas guardadas no subsolo desses países? E Portugal, um país de cultura integracionista, humanística e internacionalista, e com tantas dificuldades financeiras, jamais poderia apoiar essas forças de "paz" ,fazendo-nos crer seus governantes, que sua missão é somente de razões humanitárias, quando o mais certo seria investir no desenvolvimento de nossa comunidade Luso-Afro-Brasileira, uma comunidade que também, desde 1750, amafranhada pela síndrome de um Ocidente de poucos donos não consegue se afirmar.
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