Políticos pró-impeachment, senador petista e ministro do STF participaram de encontro em Lisboa.
O primeiro dia do 4º semanário Luso-Brasileiro de Direito, que acontecerá na Universidade de Lisboa até quinta feira próxima foi transformado num debate político acirrado entre os favoráveis e os contrários ao impeachment de Dilma Rousseff. O encontro, cujo tema era "Constituição e Crise" teve do lado de fora do plenário um grupo contrário ao afastamento da presidente.
Os palestrantes, entre eles, o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, Michel Temer, Aécio Neves, O presidente das indústrias de São Paulo Skaf.
Gilmar Mendes comparou a crise brasileira à cleptomania(o ato de roubar por impulso)
O senador Jorge Viana afirmou ter vindo à conferência para alertar sobre os riscos de um golpe à democracia no Brasil”.
Enfim o que era para ser apenas um acontecimento acadêmico acabou por transformar-se num acontecimento político.
Era para ser um encontro acadêmico, mas política tomou conta do primeiro dia do 4º Seminário Luso-Brasileiro de Direito, que será realizado até a quinta-feira na Universidade de Lisboa.
Com a presença de políticos favoráveis e contrários ao impeachment, além do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, a abertura do evento foi marcada por protestos, análises e projeções sobre como o Brasil atravessar esse momento.
Na parte de fora do encontro, que tem como tema "Constituição e Crise: A Constituição no contexto das crises política e econômica", ocorreram manifestações de um grupo contrário ao afastamento da presidente Dilma Rousseff.
Os gritos não eram ouvidos do lado de dentro, mas nem por isso o clima era menos politizado. Palestrantes e participantes – entre eles algumas das principais autoridades a favor do impeachment, como o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf (PMDB-SP), – conversavam sobre o atual momento e o futuro pós-crise.
Gilmar Mendes comparou a democracia brasileira à cleptomania confira, a seguir, cinco frases que marcaram o evento:
Gilmar Mendes: “O Brasil vive um regime de cleptodemocracia”Em uma dura crítica ao sistema político brasileiro, o ministro do STF associou o regime democrático do país à cleptomania, o ato de roubar por impulso.
O ministro, que também é um dos fundadores do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), que coorganiza o evento, afirmou que a saída do PMDB da base governista, oficializada nesta terça, “tornará ainda mais grave a crise política do país”. Além disso, lembrou que a possibilidade de novas eleições não pode ser descartada.
“Só teremos eleições antecipadas se houver a renúncia do presidente e do vice ou se o mandado de ambos for cassado, o que poderia ocorrer, em tese, porque há um processo de tramitação na Justiça Eleitoral por abuso de poder político e econômico”, afirmou Mendes à BBC Brasil.
Michel Temer: “O Brasil vive agora a democracia da eficiência”
A presença de Temer foi responsável por boa parte da polêmica envolvendo o seminário, já que especulou-se que o encontro seria, na verdade, uma "desculpa" para que vice e líderes da oposição – como os tucanos José Serra e Aécio Neves – pudessem se reunir longe dos holofotes.
Em seu pronunciamento transmitido por vídeo, o peemedebista afirmou que o Brasil se encontra em um momento no qual a democracia precisa ser mais eficiente, pois a população cobra “maior eficiência dos serviços públicos, privados e maior ética na política”.
Temer despediu-se do encontro afirmando que “ao lado do Estado de Direito, temos de ter o estado da paz”.
O senador petista Jorge Viana resolveu participar do encontro para dar a versão PT à comunidade internacional
Jorge Viana: “Vim para alertar sobre os riscos de um golpe à democracia no Brasil”O senador petista parecia um pouco deslocado no primeiro dia do congresso. Durante um breve intervalo entre as palestras, ele deixou o auditório e foi se encontrar com os manifestantes que estavam do lado de fora da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.
“Pensei em desistir de vir, mas depois percebi que a minha presença é importante para passar à comunidade internacional a nossa versão da história, que é o risco que a democracia corre no Brasil com a ameaça de um golpe de Estado”, disse o senador.
Viana vai palestrar na quinta-feira, último dia do seminário, com Aécio Neves e José Serra.
“Havia planejado um pronunciamento mais voltado para o âmbito acadêmico do Direito, mas, com o desenrolar dos fatos, decidi usar o meu espaço para criticar o protagonismo que o Poder Judiciário tem assumido na política brasileira, que é muito perigoso”, afirmou ele à BBC Brasil.
Manifestantes: “Se querem um golpe, contentem-se com este, mas cuidado com a ressaca!”( faziam referência a um vinho cuja marca é "golpe)"
A garrafa do vinho português "Golpe" resumiu a posição dos manifestantes que se reuniram em frente à sede do seminário.
Manifestantes do lado de fora, alertaram contra a 'ressaca do golpe'
O ato, que começou tímido no início da manhã, foi ganhando adeptos com o
passar das horas e, no momento em que os palestrantes falavam no
auditório, aproximadamente uma centena de pessoas do lado de fora, gritava, “não vai ter golpe, não!”
O protesto mobilizado através da Internet, teve como objetivo criticar aquilo que os manifestantes residentes em Portugal consideram como uma “tentativa de
golpe de Estado travestido de impeachment”.A manifestação ocorreu sem incidentes e foi acompanhada por policiais portugueses. O único momento de tensão foi a chegada do senador José Serra (PSDB-SP), que foi confrontado por alguns dos presentes.
Os organizadores do protesto prometem um novo protesto para o encerramento do evento, na quinta-feira, que têm programadas as participações de Serra e Aécio Neves.
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