segunda-feira, 12 de novembro de 2018

PANORAMA DO PROGRAMA ESPACIAL CHINÊS

Programa espacial chinês


O programa espacial chinês, nome dado ao programa tecnológico de exploração do espaço da República Popular da China, que teve início em 1956, através da cooperação em ciência, tecnologia espacial e desenvolvimento de foguetes do governo comunista da República Popular da China com a então União Soviética. É um dos programas espaciais de maior expansão e é coordenado pela Administração Espacial Nacional da China, a agência espacial chinesa.

Início

Durante a cordial relação entre as duas nações durante os anos 1950, a União Soviética se engajou num programa de transferência de tecnologia à China, no qual treinaram estudantes chineses a construírem um protótipo de foguete. Em 1956, o cientista Tsien Hsue-Shen propôs e obteve apoio do governo de Mao Tse Tung para um programa pioneiro de mísseis balísticos, do qual se tornou diretor. O plano apresentado, chamado de Plano de Doze Anos para o desenvolvimento de uma tecnologia espacial chinesa, visava o desenvolvimento do projeto de um satélite, a ser colocado em órbita em 1959.
Com o rompimento de relações entre os dois países em 1960, a URSS retirou seu apoio e a transferência de tecnologia, mas a comunidade científica chinesa prosseguiu de maneira independente e lançou seu primeiro foguete em fins daquele ano.

Com o desenvolvimento do foguete Longa Marcha na década de 1960, baseado em tecnologia soviética, a China colocou em órbita seu primeiro satélite em 1970, chamado Dong Fang Hong I (O Oriente é Vermelho I), tornando-se a quinta nação do mundo - após URSS, EUA, França e Japão - a colocar um satélite na órbita da Terra, o primeiro de uma série de 55 que seriam lançados nas décadas seguintes.
A partir de 1985, o desenvolvimento das séries seguintes de foguetes Longa Marcha permitiu ao país iniciar um programa de lançamentos comerciais ao espaço, tendo, deste então, lançado mais de trinta satélites para países da Ásia e da Europa. Os Estados Unidos sempre se mantiveram resistentes e contrários ao uso de foguetes chineses para lançamento de satélites da indústria americana devido ao medo de transferência tecnológica vital e em 2000 estabeleceu um embargo ao país nesta área.

Organização

A Administração Espacial Nacional da China é o equivalente chinês da NASA, responsável pelos lançamentos e pelo programa espacial do país. Duas outras empresas estatais de tecnologia de ponta fabricam o foguete Longa Marcha e os satélites chineses, mas é interesse do governo torná-las corporações privadas a exemplo das empresas aeroespaciais do oeste.
Quatro bases de lançamento estão em operação no território chinês: os Centros de Lançamentos de Satélite de Jiuquan (de onde partiram as missões tripuladas), Xichang, Taiyuan e Wenchang, todas subordinadas à AENC.

Programa espacial tripulado

O programa teve início em 1968, fundado pelo cientista Tsien Hsue-Shen do Centro de Pesquisa Médica de Voos Espaciais. O Projeto 714 esperava colocar dois astronautas no espaço em 1973, com a seleção de 19 pilotos para os treinamentos, mas acabou sendo cancelado por falta de fundos em maio de 1972, além de discordância sobre prioridades na política interna da Revolução Cultural.
Em 1992, a nova política do governo deu o sinal verde e produziu fundos para o novo Projeto 921, que se destinava novamente a enviar naves tripuladas ao espaço. O Programa Shenzhou teve quatro primeiros voos de teste feitos em naves não-tripuladas, entre 1999 e 2002, alguns deles levando cobaias animais e vegetais à órbita terrestre, até a bem sucedida missão Shenzhou 5, que em

15 de outubro de 2003 colocou em órbita o taikonauta Yang Liwei por 21 horas, tornando a China a terceira nação a levar um homem ao espaço, com a missão Shenzhou 6, com dois astronautas, a seguindo em 2005. Quatro novas missões estão programadas para breve, com a utilização de tripulações múltiplas de taikonautas, passeios no espaço e acoplagem de naves.

A República Popular da China inicialmente desenhou suas naves com mecanismos de acoplagem apropriados para a Estação Espacial Internacional e construiu seus centros de lançamento em latitudes próprias para facilitar esta acoplagem. Com o sucesso da Shenzhou 5, os chineses formalmente solicitaram adesão ao programa da ISS mas tiveram a oposição vigorosa dos Estados Unidos a esta pretensão, resultando disso o anúncio pelo governo chinês de sua intenção em construir sua própria estação espacial e de estabelecer programas conjuntos com a Rússia e a União Europeia.
Em setembro de 2006, o chefe da agência espacial russa Anatoli Perminov, anunciou que a China deverá participar do projeto russo de enviar uma sonda a uma das duas luas de Marte, Phobos, com a missão de recolher e trazer de volta à Terra amostras do solo do satélite e também do planeta Marte.

Missões realizadas

  • Shenzhou 1 - 19 de novembro de 1999 - teste não-tripulado
  • Shenzhou 2 - 9 de janeiro de 2001 - teste com cobaias animais e vegetais
  • Shenzhou 3 - 25 de março de 2002 - teste com boneco com o mesmo peso de um humano adulto
  • Shenzhou 4 - 29 de dezembro de 2002 - teste com boneco com o mesmo peso de um humano adulto, experiências científicas automatizadas
  • Shenzhou 5 - 15 de outubro de 2003 - primeiro voo tripulado ao espaço, taikonauta Yang Liwei
  • Shenzhou 6 - 12 de outubro de 2005 - segundo voo tripulado, voo duplo, taikonautas Fei Junlong e Nie Haisheng
  • Shenzhou 7 - 25 de setembro de 2008, tripulação: Zhai Zhigang, Liu Boming e Jing Haipeng. Zhai Zhigang tornou-se o primeiro chinês a caminhar no espaço(AEV)
  • Shenzhou 8 - missão não-tripulada,colocada em órbita para o encontro e acoplagem com a Tiangong 1
  • Shenzhou 9 - 16 de junho de 2012, tripulação: Jing Haipeng, Liu Wang e Liu Yang a primeira chinesa no espaço, para acoplagem e experiências com a Tiangong 1
  • Shenzhou 10 - 11 de junho de 2013,tripulação: Nie Haisheng, Zhang Xiaoguang e Wang Yaping a segunda chinesa no espaço, para acoplagem e experiências com a Tiangong 1

Planos futuros

Em dezembro de 2004 o governo chinês anunciou a implementação de seu projeto lunar não-tripulado, que consiste em três fases: a viagem até o satélite e um voo orbital na Lua, a alunissagem propriamente dita e o retorno da sonda trazendo amostras do solo, com as três fases sendo realizadas entre 2007 e 2020.
Em novembro do ano seguinte, o comando do programa espacial tripulado anunciou seu projeto de construir uma base orbital e de enviar uma missão tripulada à Lua por volta de 2020 e de missões não-tripuladas a Marte entre 2014 e 2033, seguida por uma descida de chineses no planeta entre 2040 e 2060.

Programa espacial não-tripulado

Satélites científicos

  • KuaFu: um conjunto de três satélites projetados para monitorar o Sol e o clima espacial, com lançamento previsto para 2017.

Sondas espacias

  • Chang'e 1: foi uma sonda espacial chinesa , lançada em 24 de outubro de 2007 em direção em órbita lunar, como parte da primeira fase do Programa Chinês de Exploração Lunar.
  • Chang'e 2: foi uma sonda espacial chinesa , lançada em 1 de outubro de 2010, como parte da primeira fase do Programa Chinês de Exploração Lunar. A sonda entrou em órbita lunar a uma altitude de 100km da superfície da Lua. Após cumprir sua objetivo principal , a Chang'e 2 foi redirecionada para o Ponto de Lagrange Terra-Sol L2 , para testar os sistemas chineses de controle e rastreamento , fazendo da AENC a terceira agência espacial , depois da NASA e ESA , a atingir esse ponto no espaço. Ela entrou nessa órbita no dia 25 de Agosto de 2011 e saiu em abril de 2012 , a sonda deixou a órbita L2 em direção ao asteróide 4179 Toutatis , que foi sobrevoado com sucesso em dezembro de 2012. Este sobrevoo fez da China o quarto país do mundo a explorar diretamente um asteróide , depois dos Estados Unidos , a União Europeia e o Japão.
  • Chang'e 3: foi uma sonda espacial chinesa , lançada no dia 01 de dezembro de 2013[ como parte da segunda fase do Programa Chinês de Exploração Lunar. A sonda entrou em órbita lunar no dia 06 de dezembro e fez uma aterrissagem na Lua no dia 14 de dezembro , tornando a China o terceiro país do mundo a pousar uma sonda espacial na Lua depois da antiga União Soviética e o Estados Unidos. A sonda também levou o rover lunar chinês Yutu.




Missão - Shenzhou 11 

Shenzhou 11 foi uma missão espacial e o sexto voo tripulado do programa Shenzhou da República Popular da China, lançado em 16 de outubro de 2016 do Centro de Lançamentos de Satélites de Jiuquan. A nave acoplou-se com o laboratório espacial Tiangong 2, colocado em órbita em 15 de setembro, um mês antes. O principal objetivo da missão era transportar dois taikonautas chineses ao laboratório para uma estadia de trinta dias usada para atividades científicas.

Tripulação

China Jing Haipeng comandante
China Chen Dong engenheiro de voo
A Shenzou 11 transportou apenas dois taikonautas ao invés dos três usados nas missões anteriores à Tiangong 1, de maneira a poder prorrogar os suprimentos e prolongar a estadia da tripulação no módulo espacial usando menos recursos, já que os sistemas de suporte à vida da estação não são renováveis.

Missão

A principal missão da nave Shenzou 11 no espaço foi o de fornecer transporte e dar apoio logístico à tripulação durante os seus trinta dias de trabalho dentro da Tiangong 2. Acoplada à estação, ela serviu de cápsula de descanso, local de alimentação e espaço para o sono dos taikonautas, nos intervalos de seu trabalho no módulo, já que ele é apenas uma estação de serviço e pesquisas, sem acomodações para os taikonautas.

Lançamento e acoplagem

A nave foi lançada ao espaço às 23:30 UTC de 16 de outubro (hora local:07:30 de 17 de outubro) do Centro de Jiuquan, no Deserto de Gobi, Mongólia Interior, no topo de um foguete Longa Marcha 2F. Dois dias depois, ela mudou de órbita cinco vezes até estacionar a cerca de 52 km atrás do módulo Tiangong, procedendo a uma acoplagem automática da nave com a estação, feita às 19:24 UTC de 18 de outubro, a uma altitude de 393 km. Quatro desacelerações para ajuste de rota final foram feitos às distâncias de 5 km, 400 m, 200 m e 30 metros entre a nave e a estação.

Desacoplagem e pouso

A espaçonave permaneceu acoplada ao módulo por cerca de trinta dias, o período da missão científica dos taikonautas na Tiagong 2 é a mais longa permanência de chineses no espaço, iniciando seu retorno em 18 de novembro de 2016, quando desacoplou-se do módulo e iniciou sua viagem de volta à Terra pousando em segurança na Bandeira de Siziwang, Mongólia Interior, às 14:15 hora local.

 




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